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De quando a internet era vista como ameaça para o rádio

De quando a internet era vista como ameaça para o rádio

Participo de congressos de rádio há mais de duas décadas. No início dos anos dois mil havia uma preocupação de alguns radiodifusores em relação à concorrência da internet. Percebia-se um certo temor de que o fenômeno de rádios via web pudesse ser uma ameaça ao broadcast. Cheguei a ouvir num desses eventos a proposta de regulamentar a transmissão de rádios via internet. 


E nós, que carregamos desde sempre o nome "radioweb", tínhamos a impressão de que por vezes poderíamos estar causando algum desconforto ao vislumbrar que era justamente o contrário e que o digital seria o futuro do rádio.  Em nosso prenúncio de iniciantes, era como se disséssemos “olha o que vem”. E assim seguimos. 


Após algum tempo, os eventos já começaram a oferecer painéis e palestras em que demonstravam as vantagens que o meio rádio poderia obter com as transmissões simulcast, ou seja, via antena e via internet/streaming. O que era um temor, aos poucos se transformou em oportunidade e sinônimo de modernidade. A transmissão via streaming virou motivo de orgulho pelo alcance – minha rádio foi ouvida até no Canadá – e até de faturamento adicional na multiplataforma. 


Para nossa satisfação, nos últimos dois congressos de rádio dos quais o Grupo Radioweb participou, Agert, agora em outubro, e Abert, há pouco mais de um ano, esta discussão só ocorre nas apresentações de cases em que a parceria entre rádio e internet é um sucesso. Há casos bem conhecidos em que a audiência via web de algumas emissoras supera a da transmissão pelo modo convencional, via antena. Já pelo streaming, fatura-se tanto ou até mais do que pelo broadcast. 


Lá em 2001, com toda a modéstia, fomos visionários ao vislumbrarmos que a internet seria o futuro para o tráfego de arquivos em áudio, mesmo com todos os limites da linha discada. Considerando o avanço da banda larga, olhar agora para o que fizemos lá atrás pode ser considerado algo até meio ridículo – “ah, usar internet para disponibilizar matérias em mp3, fala sério...”. 


No entanto, foi aquela “visão” que nos permitiu sair à frente e que nos mantém na condição da maior e da principal agência de notícias para rádios do Brasil. E o formato? Muito simples, a gente produz, publica em nosso portal os arquivos em mp3 e coloca a disposição das rádios para que baixem e utilizem em sua programação. O que nos diferencia agora – e sempre? A qualidade do nosso conteúdo, legitimado por mais de duas mil emissoras afiliadas e certificado pela conquista de mais de 80 prêmios de jornalismo.


E assim, com o tempo, de tão simbióticas que são, quase nem se fala mais sobre a necessidade de rádio e internet andarem de mãos dadas. São amigas para sempre!


De nossa parte, sempre estamos atentos a dois aspectos da nossa atividade: conteúdo e tecnologia. A partir de um diagnóstico que comprova a força que o áudio alcançou agora em 2023 nos reposicionamos no mercado como Grupo Radioweb, com diversos serviços em que o áudio é a matéria prima. Se lá em 2001 já dizíamos “olha o que vem”, a nossa jornada e o aprendizado de 22 anos nos permitiram construir um novo olhar para o futuro.


E esse olhar se resume no slogan que escolhemos para essa nova fase da empresa: escuta o que vem. 


Paulo Gilvane Borges
Diretor-geral do Grupo Radioweb


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